quarta-feira, 5 de maio de 2010

2010 - ano de realizar alguns sonhos

Voltei de viagem e em uma semana realizei outro sonho antigo.

Bandit 650N ano 2006.
Já estava negociando desde antes de viajar, quando voltei o negócio deu certo e acabei levando a ruivona pra casa.

Tesão de moto.

Aqui já com uma bolha pra exprimentar na estrada, melhora o conforto, piora muito o ruído e principalmente a estética, mas gosto é gosto e pra mim moto antes de bonita tem que ser funcional.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dia 25 - Lages a Joinville - 310km, Tô chegadno em casa.

Saio logo depois do almoço de lages. Estrada vazia e pneu novo, tudo que eu queria. Deu pra socar a bota na moto!

as 4 horas já estava em joinville, viagem tranquila, tempo bom, pouco movimento e o melhor. ESTAVA EM CASA!!!!

A sensação de descer da moto, pegar a chave e entrar em casa foi indescritível. Missão cumprida!!! Cumprida e comprida!! Foram longos 25 dias e longos 12150km até aqui. Estou fisicamente exausto, mentalmente renovado.

Nestes 25 dias senti calor, frio, fome, dor de barriga, saudade de casa, dos amigos, da família, até do trabalho...hehehe. Curti demais a viagem, mas depois de uma altura eu pensava muito neste momento, chegar em casa, tomar um banho de primeira categoria, deitar na cama e dormir até o outro dia de manhã. Não foi o que eu fiz, tinha que tirar a bagagem da moto, separar o que era de guardar, o que era de jogar fora, o que era de lavar. Tinha que ir ao mercado fazer comrpas, pois não havia deixado comida em casa pra não estragar. Enfim, acho que nestas férias trabalhei mais do que em dias normais.

Logo faço um post falando das lições aprendidas, do que se pode repetir, do que não se deve fazer. A experiência acumulada foi muita. De muita coisa só vou lembrar se me perguntarem, de de tantas outras não vou esquecer jamais.

Até logo.

Dia 24 - de Santra Cruz do Sul a Lages - SC - Aprox 420km.

Neste dia a primeira coisa foi ir até uma oficina de confiaça do novo amigo pra trocar o óleo da moto e ajustar a corrente que vinha estalando.

Feita a troca eu saio pra uma volta pela cidade, sozinho, tiro umas fotinhas e vou até a casa do Roger pra pegar as luvas emprestadas. Ele ainda queria me mostrar um parque na cidade, parque da gruta dos índios. A cidade, como não podereia deixar de ser no interior do RS é uma maravilha. No fim, tiramos uma foto que entendo que seja tradicional, pois ele fez questão de me levar lá no Fritz e na Frida. Eu tinha visto estes 2 na ida, agora parava na volta. heheh
Saí de Santa Cruz e ao chegar em Venâncio Aires começa uma chuva fria que me acompanhou até São Marcos. E eu andando no sapatinho com o pneu dianteiro careca. Não lembrei de tirar uma foto do pneu, mas estava feio.

Continuei a viagem até lages na maciota. Cheguei pelas 5 da tarde e nem fui até em casa, parei direto na oficina pra trocar o pneu, pois não sei se aguentaria mais 300km. Dei muita sorte não ter furado nenhuma vez nos ultimos 2 mil km, pois já vinha bem fino.

Cheguei em casa, finalmente. Bom, na casa dos pais, mas dá na mesma. Ainda faltavam 300 km que eu faria no outro dia. Incialmente tinha decidido ficar direto até a páscoa em lages, mas ao ver aquele mundo de bagagem suja no qual eu teria que por a mão e depois montar tudo de novo pra viajar, resolvi ir logo a joinville e voltar para a páscoa já enlatado, ou seja, de carro.

Dia 23 - de Santa Rosa a Santa Cruz do Sul - 350km.

Na noite anterior entrei em contato via internet com o Roger, amigo do M@D. Na verdade não nos conhecíamos. Ele apenas vinha acompanhando a viagem e viemos mantendo algum contato durante a mesma.

O caminho pelo interior do RS é fabuloso, campos, vales, serra, rios. Tava com saudade.

O caminho foi tranquilo. Logo depois de descer a serrinha que tem antes de candelária dou de cara com o Roger na estrada com sua fantástica RT. Ficamos ali uns 10 min jogando conversa fora, e eu o segui até sua casa. Tomamos um banho, um banho de verdade na estrada. Pela primeira vez tomei um sustinho com o pneu dianteiro careca, quando a moto deu uma aquaplanada de gente grande no retorno da ultrapassagem de um Del Rey.

Fica aqui o agradecimento ao Roger e sua esposa que me receberam em sua casa como um velho amigo para um churrasco. Passamos boa parte da tarde jogando conversa fora. Falamos da viagem, de outras viagens, falamos mal dos outros, demos risada e falamos de moto, é claro. Antes do churrasco ele foi me guiar até o hotel e o cabeção aqui tinha deixado o par de luvas aplinestar sobre o alforge. Nem me dei conta, só percebi quando, ao chegar no hotel, vejo apenas uma luva no chão. Tentei fazer o caminho de volta, não achei; liguei pro Roger ver se não estava na casa dele, ele depois me avisa que refez o caminho e também não achou. Enfim, fiquei com apenas uma mão de luva. No fim das contas ganhei do Roger o seu próprio par de luvas pra continuar a viagem. Elas estão aqui em casa, lavadas, sequinhas e são um ótimo motivo pra comer outro churrasco no RS....hehehe

Durante o churrasco vimos as fotos da viagem, viajamos um pouco mais juntos. Foi legal, eu me senti em casa. No fim, volto pro hotel e durmo que nem criança.

Acabou que nem tirei foto neste dia. Tiraram algumas do churrasco com outras máquinas que não a minha. Assim que eu recebêlas, posto aqui.

Dia 22 - de Corrientes (arg) a Santa Rosa (brasil) - aprox 500km

Depois de muitos protestos por falta de posts consegui sentar na frente do pc e agora estou decidido a colocar tudo em dia. O fato é que chegando em casa a quantidade de tarefas atrasadas, somadas ao fato de ter que desfazer as malas e dar uma guaribada de primeira na moto (que já voltou de viagem vendida!) me tomaram muito tempo. Coloquem aí também o fato de eu estar de saco cheio de ficar postando todo dia....queria um descanso.

Pois bem, de Corrientes até Posadas, depois Oberá e por fim Alba Pose e Santa Rosa a paisagem é muito parecida com a que temos no nosso Brasil.

Acordei nem tão cedo, afinal na noite anterior eu finalmente havia conseguido comer algo que parasse no meu estômago. Estava feliz da vida. Dormi sem dor, acordei sem piriri, consegui tomar um café da manhã decente pela primeira vez em 10 dias e o trecho hoje era curto, apenas 500km, um dia perfeito. Mas estava quente já cedinho em Corrientes, uns 27 graus.

Saio do hotel umas 9 horas da manha. Tudo certinho. Me livrei finalmente dos 2 galões de gasolina que levava junto desde o início da viagem. Isso aí foi um alívio, podia até me mexer em cima da moto! Apontei o GPS pra Posadas, que seria minha primeira parada, na saída da cidade parei num posto pra abastecer, lubrificar a corrente e tomar uma coca-cola e me mando pra estrada.

Até Posadas se me recordo bem são uns 350km, pode-se dizer que os primeiros 300km vai-se em retas, mas já há algumas curvas aparecendo. O trecho todo é feito pela Ruta 12, que cai costeando a fronteira com o Paraguay e em alguns pontos passa do ladinho do Rio Paraná, é uma estrada muito bonita mesmo.

Havia algumas barreiras policiais neste trecho mas não fui parado em nenhuma. Abasteci 1 vez no meio do caminho e outra direto em posadas. Os ultimos 50km antes de Posadas (que é uma cidade relativamente grande, eu imaginava uma vila) a paisagam já muda, aparecem as primeiras subidas e descidas e algumas curvas no caminho. O solo ganha uma cor vermelha. Em Posadas tudo é meio avermelhado por conta disso, parece que estamos no interior do Paraná.

Depois de posadas comecei a ver nuvens pretas dos 2 lados da estrada, e eu por sorte estava passando entre elas, até que saio da Ruta 12 em direção a Oberá, aí a estrada aponta pro meio de uma destas chuvas. No momento olhei o termômetro e estava marcando 41,7 graus. Eu apenas parei pra por a capa sobre a mala de tanque e toquei o barco. Passei no meio de um toró de uns 10km. Estava tão quente, e eu estava tão farto de deserto que adorei o banho. Sei que quando cheguei em Oberá uns 40 km depois já estava seco de novo, tamnho o calor.

De Oberá a Alba Pose é um pulo, e quando começa a descer para perto do rio já se vê o Brasil lá do outro lado. Não imaginei que a cena fosse me alegrar tanto. Passei na aduana argentina e fiquei lá na barranca do rio. Tinha um camarada lá com uma saveiro sem bateria esperando chegar a balsa e ficamos de papo. Na hora de embarcar me dou conta que não tinha ticket, lá vai eu correr num senho calor, de roupa de cordura, barranco acima para comprar o tal "ingresso pro brasil", não tinha pesos suficientes, negociem em real com o cara, ficou por 10 pila, a verdade é que eu pagaria mil pela viagem.

Quando cheguei a balsa estava fechada e os caras partindo, dei uns berros lá e o cara abriu o portão pra mim e eu rampei com a falcon pra dentro da balsa. Já tinha mais brasileiro que argentino. Tava bom.

A balsa chegou, finalmente piso em solo brasileiro, ajudei o mano lá a empurrar a saveiro barranca acima e vou me ajeitar pra passar pela PF. Quando chego na guarita vou tirando as coisas e o cara só me pergunta - "É brasileiro?" - respondo sim e o cara me diz - "pode entrar, nem precisa documento!". Minha vontade foi dar um abraço no velinho que cuidava da porteira. O fato é que apesar de ter curtido muito a viagem eu não via mais a hora de voltar pra casa, e este era o primeiro passo dentro de casa. Estava finalmente no meu Rio Grande do Sul. A cidade de entrada é Porto Mauá, dali até Santa Rosa são mais 40km. Em Porto Mauá eu troquei o resto dos pesos que tinha, uns 10, comprei uma coca, um chocolate, fiquei uns 15 min conversando com a tia da venda que queria saber da aventura e toquei o barco pra Santa Rosa.

Logo no começo da estrada paro para cobrir a mala de tanque porque vi que vinha mais chuva, outro toró. Tudo bem. Nesse momento passaram por mim umas 6 motos grandes num ferro desgraçado, e nem me cumprimentaram. Quando começou a chuva forte passei por todos no meu 100zinho de sempre, debaixo d´água eles vinham a 60tinha. Fiz questão de dar uma buzinhadinha pra cada um...hehehe A verdade é que eu tava arriscando, pois meu pneu dianteiro já estava liso a 1000km atrás, eu vinha trazendo a moto no sapatinho.

Chegando em Santa Rosa, cidade da Xuxa, achei um hotel, tomei um banho pra tirar a lama vermelha e saí pra caminhar. Essas cidades do interior gaúcho são mesmo muito agradáveis, e vão ter mulher bonita assim lá em SC. Não dá vontade de voltar pro hotel.

Pela primeira vez em dias consigo tomar uma cerveja novamente. Skol, desceu redonda.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Dia 21 - de Jujuy a Corrientes - 850km

Pois bem meus caros.

Finalmente, um dia onde tudo ocorreu certinho demais na estrada.

Acordei cedo, tomei café (que finalmente ficou no estômago). Fui no estacionamento do hotel, tirei a bagagem e arrumei de volta o snorkel do filtro, finalmente parou aquele buuuuóóóóóóóó quando acelera. Não aguentava mais. Arrumei a bagagem e 7:45 estava na rua. Aí até achar um posto e abastecer, peguei estrada mesmo 8 e meia.

Até salta tudo ok, algumas retas, algumas curvas, um trechinho duplicado, uns buracos, tudo normal. Entro na famosa ruta 16 e em 5 min vejo uma cena no mínimo curiosa. Vinha um bando de motos na pista contrária, todas BMW, eu cumprimento eo primeiro cara, e quando o segundo vai me cumprimentar eu vejo um pássaro vindo da minha direita, da esquerda do cara, bem na direção dele, ele ainda tentou se esquivar mas não deu. O pássaro (preto, um pouco maior que uma pomba) dá em cheio no ombro do cara e já cai durinho bem na frente da minha moto. Só deu tempo de dar um toquinho no guidon e não passar por cima. Eles vinham nuns 130 eu chuto. Coitado do bicho.

O fato é que a ruta 6 é cheia, mas cheia mesmo de bichos. Pássaros no meio da pista é o que mais tem, pois passam muitos caminhões de grãos e a bicharada vai ali comer o que cai. Mas tb cruzei com burro, vaca, cavalo, cabras, galinha, ovelha. O maior animal que cruzei foi um argentino numa motoneta que entrou na contramão bem na minha frente.

A paisagem na ruta 16 não muda em todo trajeto, são uns 750km de retas.
A paisagem aqui é assim pra frente
E assim pra trás

Há pouquíssimas curvas, e o imbecil aqui conseguiu passar reto numa delas. Vinha nuns 120 e entro na curva, bem na saída dela tinha um daqueles " caroços" de asfalto ondulado pelos caminhões. Pra não dar direto ali em cima eu abri e não segurei mais. Fui pro acostamento e entrei a uns 90 por hora na faixa de grama de uns 5 metros de largura. Não sei como não caí. Mas não toquei no freio nem nada, só fiquei em cima da moto tentando não dixar ela passar daquela faixa de grama alta. Por sorte não tinha nenhum toco de pau, pedra ou buraco ali, se não tinha acabado a viagem. Depois de endireitar, parei lá na frente, olhei pra tras, respirei e toquei. O fato é que não me assustei nem um pouco, estranho, mas bom. Se tivesse com uma moto de rua tinha ido pro chão.

A única coisa que me chamou mesmo a atenção foi isso aí. Boi confinado, muitas cabeças mesmo.
A ruta 16 tem fama de ter policia corrupta, que pede grana na cara dura não poderia ser diferente. Parei no primeiro posto que me mandou parar, em Taco Pozo, o policial vem, pergunta de onde vem, pra onde vai, que ano é a moto, a quanto anda, se eu vi o jogo do river (sim vi um pedaço....heheh), pergunta como está o chile. Não me pede documento algum, eu entrei na onde e fiquei conversando, perguntei quanto faltava pra corrientes, se a estrada tava boa, se tinha obra, se era só reta, no fim ele ficou de saco cheio e me mandou ir. Chego em pampa de los guanacos, abasteço e saio rachando do posto, em 200m tinha polícia, dou uma alicatada e ainda consigo chegar devagarinho, uns 30 por hora. O cara me manda parar, vem com um papel de pão na mão e me pede documentos da moto, seguro, carteira, depois a carteira internacional, anotando tudo no papel, pro desespero dele eu tinha tudo. Aí ele olha meu retrovisor com um pau pendurado e fala algo, eu respondo que tá torto mas tá ali. Como não achou nada de errado ele começa a conversar, o mesmo papo do outro, de onde vem, pra onde vai, o que faz no brasil, e eu na mesma de antes. Depois de uns 10 min o cara me pediu uma contribuição pro destacamento....heheheh Eu já sabia. Tinha deixado o dinheiro grosso no bolso escondido da jaqueta, tirei a carteira e abri pra ele ver, disse que só estava abastecendo com cartão e os últimos pesos que tinha tinha comprado uma coca, mostrei a coca pra ele. Mas tinha 75 centavos na carteira e ele viu. Eu pensei, puta merda, se esse cara tá pedindo esmola de 75 centavos de peso deve estar muito fudido. Dei pro cara o $$ e fui embora. Pensei assim, o cara me pediu uma contribuição (eu sei que não é), vou dar. Se ao contrário disso ele tivesse inventado uma multa do tipo, "retrovisor preso por um pedaço de madeira", e tivesse dito que se eu desse uns pilas ele daria um jeito, aí eu mandaria a merda e diria pra multar que eu entrava na cidade pra pagar. Queria ver. Como ele não tentou me coagir de modo algum e foi direto, pensei, esses 0,5R$ não vão me fazer falta. Foda-se. (sei, no entanto, que alimentei a industria)

Depois daí ainda me pararam mais 2 vezes, mas sempre foi a mesma conversinha mas todos me mandaram passar, de qualquer modo já tinha acabado meu $$.

cheguei em corrintes as 18:30. Ou seja, rodei 850km em 10 horas, isso com 5 paradas pra completar o tanque e uma pra tomar uma coca e passar protetor solar. Ou seja, vim bem demais. tirei poucas fotos, até pq o cenário é bem monótono. Gostei muito da ponte sobre o paraná, mas não dava pra tirar foto de cima, mas ainda deu tempo de tirar uma lá de baixo, que até ficou boa.

corrientes é muito maior que eu imaginava. A cidade é movimentadíssima, e como todas as cidades argentinas, aqui o movimento na rua vai até tarde da noite. Gostei demais da cidade, dei uma boa caminhada por aí. Achei um hotel muito bom e com um preço legal. Hotel Confianza, celle mendoza. Depois eu posto as coordenadas. O quarto é bom, tem garagem pra moto, o chuveio é bom, a internet tb. Até resolvi fazer a barba depois de 20 dias. Só agora vi o quanto emagreci com os problemas gástricos dos ultimos 8 dias. Não consegui me pesar, mas chuto uns 5 kg.

Amanha entro no Brasil, por Santa Rosa, não pensei que diria isso, mas não vejo a hora. Depois deste tempo na estrada sozinho é mais que hora de começar a v er caras familiares.

Abraço

dia 20 - San pedro de Atacama a Jujuy - 830 km

830km??? como Jeferson, pois são uns 500 só?

Bom, acordei na tranquilidade, comi alguma coisa leve pra não dar rebordosa...heheh e saí do hotel lá pelas 8 e meia. Achei o único posto de SPA e abasteci. Depois passei pelo centrinho de moto, passei na frente do meu hotel e saí pelo mesmo lugar que entrei, que era o caminho que eu conhecia, só que como dei direto de cara com a placa escrito Passo Jama 160km toquei o barco. Jamais imaginava uma alfândega dentro da cidade a 160km da fronteira. Na real, acho que até já tinha lido, mas na hora não me toquei e passei batido.

Peguei a estrada e toquei o terror no subidão que tem logo depois que sai da cidade, é muito legal, em 40km a gente sai dos 2400 metros e passa longe dos 4000. Neste dia registrei a maior altitude de toda viagem, 4831m, e também o maior frio, 1 grau. A paisagem do altiplano aqui é diferente da do altiplano peruano, é muito, mas muito mais seco. Nesta mesma altitude no peru há várias montanhas nevadas, e eu mesmo peguei neve a 4800m, no chile é seco, mesmo o Licancabur acima dos 5200m estava sem neve alguma, limpinho.
As cores são incríveis
E em alguns lugares não dá nem pra dizer que é terra.

Cheguei em Jama, até que fui atendido rápido, fiquei até impressionado. Mas na hora que a mulher pegou meu passaporte e viu os papéis do chile ainda comigo me disse que eu teria que voltar, pois a alfandega chilena era na cidade. Não acreditei. Puta merda. Tentei argumentar, que poderia dar saída em algum consulado no brasil e tal, mas não adiantou. O chefe do destacamento disse que não daria entrada pq no dia que os chilenos vissem que tinha uma entrada em aberto pela data de validade vencida no sistema viriam cobrar pra saber se eu teria saído por ali, e se tivesse encheriam o saco dele. Simples assim. E lá vou eu, voltar 160km no frio e pelas montanhas, onde minha moto não rende nada. Se me serve de consolo, pelo menos a viagem é linda demais. Mas ao chegar de volta depois de 320km e quase quatro horas perdidas já estava puto da vida, comigo mesmo. Afinal a cagada tinha sido minha.

Mas é incrível como um único erro gera uma sequência de cagadas posteriores que não têm explicação. Cheguei de volta em Jama e a alfandega, imigração e gendarmeria estavam FECHADOS. Isso mesmo. Bati na porta e me vem um milico muito do mal educado (o mesmo que havia educadamente me atendido 4 horas atrás) e me diz que estão sem sistema e que era pra eu sentar lá na rua e ficar esperando voltar. Puta merda, só eu estava lá. Ninguém mais. tentei de novo, disse que o papel da gendarmeria estava feito e só precisava do carimbo da imigração e da aduanda, não teve jeito, me mandou pra fora de novo e disse pra esperar. Filho da puta.

Dá um tempinho e chega um caminhão, o cara entra, em 5 min sai, pega o caminhão e vai embora. Eu entro de novo e pergunto se já voltou, pois o cara tinha passado. Simplesmente fui mandado pra rua de novo. Filho da puta².

Dá mais uns minutos e chega uma van com uma família chilena, entram todos e começam a fazer o tramite. Aí eu já tava pra lá de puto e entrei de novo. Nem perguntei do sistema. Perguntei se o sistema estava fora só pra mim. Pois estavam todos passando. Disse que não podia ficar esperando e já era pra estar em Salta naquela hora. O FPD do soldadinho que apanha da mulher (só isso explica tamanha filha da putisse) pega meu papel que já estava pronto a 4 horas, dá um carimbo e me entrega, me mandando entrar na imigração. Quando entro na imigração, estão os chilenos e todos, eu disse todos, os funcionários da alfândega assistindo river plate x boca. Não dá pra imaginar o grau de indignação que eu fiquei na hora. Mas não falei nada e ainda perguntei quanto estava, afinal, com este povo é melhor ser amigo. Em 3 min estava resolvido um assunto que o filho da puta do soldado que apanha da mulher me deixou 1 hora na rua esperando. Já tinha perdido 5 horas. Aí já eram quase 4 da tarde. Peguei minhas coisas e saí cavocando daquela merda. Abasteci ali do lado e toquei pau. Nem lembrei de tirar foto do paso jama.

Nessa altura do campeonato eu já sabia que não daria pra chegar até salta, quem sabe até jujuy, mas o mais certo seria dormir em Susques e replanejar as pernas da viagem. Blz, vou tocando meu barco na velocidade que dá, esperando chegar em susques, pegar um quarto num daqueles hotéis na beira da estrada e partir no outro dia. chego em susques, paro no primeiro, não há vagas, paro no segundo, não há vagas, entro na "cidade" e nas duas pensões que há, não há vagas. Puta merda, pensei. Vou abastecer e tocar até Jujuy, estava decidido. Não importava se chegaria a noite. Em susques só há um posto dentro da cidade. Não havia gasolina. Voltei pra estrada e fui no posto que fica junto com o primeiro hotel que passei, nem vou pedir pra adivinhar, não havia gasolina. Não sei no mapa de vocês, mas do meu mapa susques está riscada. Na próxima vez que passar por lá fecho os olhos pra nem ver.

Estava com meus 2 galões cheios, 7 litros no total, toquei tudo no tanque e rezei pra dar. Faltavam 200km pra jujuy, a moto tinha uns 6 e pouco no tanque, 13 no total, era pra dar. O pepino é que a moto estava fazendo uns 12 por litro naquela altitude. Eu sabia que jujuy era bem mais baixo, mas não sabia quando começaria a baixar.

Fui até o salar, passei por alguns lugares de primeira
Fiz as fotos no salar e já me mandei.
E não é que começa uma subida de novo?? Lá vamos nós de novo pros 4000m. E a moto bebendo como o Lula. Na subida já inicia uma senhora neblina, o lugar era bonito, dava pra imaginar pelo pouco que via, mas o que acontecia mesmo era que eu estava me molhando e cada vez com mais frio. Enquanto estava só subindo a neblina era forte mas como tinha muito vento ela abria um pouco, assim que passou pro outro lado da montanha, em 5 segundos o dia virou noite. O tempo fechou de vez e não vi mais nada. Neblina fechadassa. Não lembro quanto faltava pra Purmamarca, mas eu estava andando a 20km/h, chegaria lá a meia noite neste ritmo. Depois de uns 5 a 10km de descida a neblina ficou pra trás, o tempo ainda estava fechado, mas a temperatura já era tolerável de novo e pelo menos dava pra ver algo. Quando passei pela tal montanha das 7 cores era tudo cinza. Em purmamarca quando cheguei já era escuro, em jujuy, noite.

Pra não dizer que eu to mentindo, essa foto tradicional saiu assim. A 100m pra tras eu estava no meio da neblina.
Jujuy, como qualquer cidade média argentina é super agitada a noite. O calçadão vai cheio até tarde. Consegui comer uns 2 pedaços de carne. Mas quando cheguei no hotel de volta eles já estavam processados. hehehe

Este foi um dia do cão. Espero que amanha as coisas pelo menos sigam o curso normal.

não tinha postado, mas ainda em cusco dei um jeito no retrovisor - ficou bom.

dia 19 - san pedro de aatacama - 0km

Ontem a noite comprei um pacote turístico para ver as 2 coisas que me interessavam aqui. Os geiseres del tatio e a laguna cejar. Acabei descobrindo que SPA tem muito, mas muito mais coisa. Se alguém quiser e tiver saco pode-se ficar aqui uma semana fazendo passeios diferentes.

Este lugar tem céu sem algma nuvem em 355 dias do ano, nos outros 10 há algumas núvens, mas os guias mais velhos com quem conversei disseram não se lembrar da última gota de chuva. Assim, muitas casas tem telhado de barro ou apenas palha. O clima é de deserto mesmo. Hoje quando acordei as 3 e meia da manha para me arrumar pro primeiro passeio, saí na rua e estava 10 graus. Quando cheguei do passeio ao meio dia estava uns 34 no sol, na sombra uns 25. Se querem saber se é seco, sim, muito. Toma-se banho e em alguns minutos o banheiro está seco. as roupas secam muito rápido, é o lado bom. O lado ruim é que o nariz fica ardendo e respirar fica mais complicado. Eu não sei a umidade do ar aqui, mas chuto lá pelos 10%.

O micro onibus que pega a galera passou no meu hotel as 4 em ponto. Nessa hora eu tava na rua escura olhando pro céu. Entendi o porque te tantos observaórios aqui. Este céu nunca mais vai sair da minha cabeça, reconhece-se as estrelas pelo tamanho e cor. E a quantidade delas que se vê é algo de deixar embasbacado. Uma pena não conseguir tirar fotos, até tentei, mas a máquina não pega, não adianta.

O onibus sobre a cordilheira por estrada de chão e depois de 2 horas estamos no campo geotérmico. Lá a temperatura quando chegamos era -10 graus. Ainda era escuro. Armaram um café da manha com ovos cozidos, café com leite quente e sanduiches quentes. Detalhe é que a guia esquenta tudo e cozinha os ovos num geiser. Legal demais. Só que eu me limitei e comer um ovinho cozido com muito sal - lembram, não pára nada no meu estômago há dias, este ovo também não parou.

Quando começa a clarear fica evidente o espetáculo dos buracos que cospem água. Há um que a cada 10 min dá jorros de uns 5 metros. Segundo a guia, no inverno, quando a temperatura chega a -30 graus os jorros podem alcançar os 20 metros. É de fato muito bonito. Outra coisa que impressiona no lugar é a vista. Completamente com cara de altiplano, mas com vários pontos onde há vapor d´água subindo. muito legal.

Depois o povo foi pras piscinas de águas termais, muitos entraram. eu estava com o o calção de banho por baixo, mas não entrei. Mal podia fazer um movimento brusco que já doía tudo. Imagina sair da água a 35 graus e pegar o ar a -10 depois, ia começar a tremer, seria uma sujeirada feia de limpar, espantaria os turistas.

Saímos daí e fomos em direção ao povoado de Machuca, parando em vários pontos para ver os animais do local. A vejatação aqui tem um verde muito diferente do que a gente está acostumado. Fica entre o verde e o dourado, só vendo pra entender. O lugar é espetacular, com direito a passar na frente de um vulcão ativo, saindo fumaça pelas fumarolas perto do topo.

O povoado tem 6 pessoas vivendo aqui. E segundo consta a cada 6 meses se muda a família para explorar o turismo. Há venda de artesanato local e o tal churrasquinho de lhama. Mas nossa guia foi honestíssima ao nos dizer pra não comer, pois ela havia comido a uns meses e achou estranho, foi fuçar pra ver e descobriu que o dono das lhamas brigou com a família da vez e parou de vender lhamas para estes, que por sua vez começaram a comprar carne de vaca e vender como sendo de lhama. Só que eles colocam tanto sal e tantas ervas que os turistas, como não conhecem comem faceiros. Segundo a guia no dia 30 de março esta família se vai e entra uma nova, quando então a coisa deve voltar ao normal. Saindo do povoado voltamos pro hotel em mais uma hora e meia de viagem. Eu dormi o tempo todo....heheh

Consegui comprar mais do remédio que estava me ajudando a segurar as pontas e uma mistura para soro via oral. Tomei tudo junto e deitei pra dormir. Fui até as 3 da tarde na cama, o encontro para o próximo passeio era as 4.

É meia hora de SPA até a laguna cejar. Essa lagoa é formada por um rio subterraneo que vem dos andes. Num verdadeito buraco no meio do nada ela se formou. Só que isso no meio de um salar. A água é muito, mas muito salgada, eu provei, e por este motivo muito densa. Você não consegue afundar nela de jeito nenhum. É uma experiencia muito legal ficar em pé, retinho, dentro da água, sem mover um músculo, e não afundar além da linha do peito, se deitar ou ficar de bruços não se afunda de modo algum. Vi gente tentando se afundar a todo custo e não conseguiam. Pra entrar na lagoa tem que ter muito cuidado, e tem que ser de chinelo. Pois há muitos cristais de gelo nas bordas e são afiados. Passando o degrau da entrada, a lagoa tem 40m de profundidade, assim, ela é mais funda do que larga. A água tem um tom verde/turqueza que é muito bonito. Quando vc sai da água em questão de 3 minutos está seco, e aí o que fica é uma camada grossa de sal, que só vai sair no próximo mergulho, nos ojos del salar, que fica a uns 25 min de carro dali. Até lá vc vai se ralando no sal. Estas "lagoas" são formadas do mesmo modo, mas ao contrario das outras não são salgadas. Eu dei um pulo numa delas e não fiquei um minuto na água, que estava muito gelada. Esta lagoa, o guia informou que até hoje não houve quem medisse a profundiade dela. É incrível ver estas coisas. só aqui mesmo.

Aqui eu estava em pé, com 40 metros de água debaixo de mim, imóvel, e não afunda.
Olha como fica a pele depois

Depois ainda fomos ver uma lagoa seca. Ficou só o sal. Lugar perfeito para fotos do vulcão licancabur, que é visto da cidade e em boa parte do caminho. Então voltamos pro hotel. Incrível foi ver o guia se guiar no meio do deserto dentre diversos caminhos que se cruzam no meio do nada e sem pontos de referencia. Pelo menos para mim não havia pontos de referencia. Se me largasse lá achoq eu nem com GPS eu saia.


Ainda conheci o Renato e a Wilma, de Santa Rosa, RS. Os dois vieram de moto também e estão circulando pela região. Ele já tem uma pá de viagens nas costas, depois passo o site dele.

Fica a dica. Layana tur, calle tocopilla 418. Preço justo, bons carros e ótimos guias.
Abraços.

Dia 18 - arica a san pedro de atacama - 730km

De arica para san pedro de atacama a história se repete.

730km de deserto. Na vinda eu tomei um susto com combustível entre iquique e arica, agora faria o percurso ao contrário, e sabia que provavelmente não daria. Desta vez fui mais esperto. Neste percurso há umas 4 descidas e subidas de vales. Uma delas sozinha tem uns 45 a 50 km. O que fiz, nas descidas eu mal encostava no acelerador indo a 90, nas subidas o mesmo. No plano não passei de 100. deste modo eu tinha percorrido os quase completamente os mais de 300km entre as duas cidades e quando faltavam 15 km para entrar na ruta 16 que leva da ruta 5 até iquique eu resolvo parar em HUARA e perguntar se alguém vende benzina, sim, havia um sr. Me indicaram o caminho e lá fui eu. Fica praticamente na frente da igureja de Huara, um ferro velho. O cara me meteu a faca, 700 pesos o litro. Mas pedi pra por 12 litros. O tanque não encheu, eu já estava no cheiro. Mas nessa manobra eu escapei de ter que entrar em direção a iquique e andar 35km até alto hospicio e depois voltar os mesmos 35, ou seja, economizei 70km, quase uma hora de viagem.

Aqui vai outra dica, se não quiser entrar em iquique, exatamente 5km depois que passa da entrada da ruta 16 há um posto em Pozo Mont. Com gasolina boa e a preço normal. Eu não sei se com o que eu tinha antes teria chego ali. Mas sei que se eu tivesse feito os 70km e depois dado de cara com aquele posto teria me matado. Aproveitei e mandei completar, entraram 3 litros, ou seja, eu antes estava no cheiro mesmo.

Depois disso eu havia me proposto a só parar em quillagua para abastecer novamente. Só que quillagua é uma vila de 3 habitantes (tá bom, uns 300) e não há postos. Entrei, procurei, me indicaram o cara que vendia, fui lá e o infeliz estava viajando. Ou seja eu teria que entrar na minha reserva - coisa que não queria fazer, pois teria que desmontar meia bagagem. Continuei perguntando e me mandaram ir num restaurante logo depois da aduana de antofagasta, e nos fundos tinha um tio que tinha gasolina, mas o FDP me meteu a faca, pediu 1000 pesos o litro, no posto custa 600 pesos o litro. Corno, pensei. Mas pelo nível da agulha eu chutava que tinha uns 4 litros, pedi pro cara por só 5 litros e com isso eu sabia que chegaria a Maria helena, outra vila, mas lá havia postos. Deu certo, o pepino é que tem que andar uns 15km a mais depois da entrada para Calama, que é o caminho certo. mas fiz isso e não me arrependi.

Depois subi para Calama e a estrada aqui é uma reta sem fim que vai subindo. O nível médio do atacama na ruta 5 neste trecho é 1100 a 1200 metros, que é onde fica maria helena. O retão é uma subida muito suave, se modo que mal se nota a subida, só notei quando a moto começou a falhar um pouco e fui olhar no GPS e estava acima dos 3000. Subi 1800 sem notar que havia subido, exceto pela temperatura. Vale citar que em Chuquicamata, uns kms antes de Calama também há posto, e em Calama há vários. O pepino é entre arica e iquique e iquique e maria helena.

Uma coisa que me pegou nesse dia foi o clima. Saí de arica a 18 graus, quando cheguei na aduana de antofagasta uns 2 km antes de quillagua estavam 37 graus. Estava terrível pra antar, o vento estava quente. A vantagem é que como é muito seco, se vc achar uma sobra a temperatura cai uns 10 graus. O pepino é achar sombra.

A chegada em SPA impressiona pela vista, é muito bonito mesmo. A cidade em si não tem nada demais. Uma vila de 2000 habitantes no meio do deserto, na realidade na divisa entre o altiplano e o deserto. A topografia e a paisagem do lugar são de outro mundo, vulcões, lagos secos de sal, alguns oásis. As cores impressionam.

Aqui em SPA foi onde achei a melhor internet da viagem, só que não no hotel. Há muitos restaurantes para todos os gostos, muitas agências de turismo, muitos hoteis e hostels. A maioria das pessoas que se vê na rua são europeus, em grande parte alemães. Deste modo, pode-se imaginar que a cidade é cara. Sim, é muito cara, segundo quem vive aqui é mais caro alugar uma casinha de barro com quarto, cozinha, sala e banheiro do que é em santiago, algo como 400 mil pesos, ou 800 dólares por mes. Para morar no meio do nada.

Depois de atravessar o atacama de sul a norte e de oeste a leste, eu sou o rei do deserto, olha eu aí no meu trono.