segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dia 25 - Lages a Joinville - 310km, Tô chegadno em casa.

Saio logo depois do almoço de lages. Estrada vazia e pneu novo, tudo que eu queria. Deu pra socar a bota na moto!

as 4 horas já estava em joinville, viagem tranquila, tempo bom, pouco movimento e o melhor. ESTAVA EM CASA!!!!

A sensação de descer da moto, pegar a chave e entrar em casa foi indescritível. Missão cumprida!!! Cumprida e comprida!! Foram longos 25 dias e longos 12150km até aqui. Estou fisicamente exausto, mentalmente renovado.

Nestes 25 dias senti calor, frio, fome, dor de barriga, saudade de casa, dos amigos, da família, até do trabalho...hehehe. Curti demais a viagem, mas depois de uma altura eu pensava muito neste momento, chegar em casa, tomar um banho de primeira categoria, deitar na cama e dormir até o outro dia de manhã. Não foi o que eu fiz, tinha que tirar a bagagem da moto, separar o que era de guardar, o que era de jogar fora, o que era de lavar. Tinha que ir ao mercado fazer comrpas, pois não havia deixado comida em casa pra não estragar. Enfim, acho que nestas férias trabalhei mais do que em dias normais.

Logo faço um post falando das lições aprendidas, do que se pode repetir, do que não se deve fazer. A experiência acumulada foi muita. De muita coisa só vou lembrar se me perguntarem, de de tantas outras não vou esquecer jamais.

Até logo.

Dia 24 - de Santra Cruz do Sul a Lages - SC - Aprox 420km.

Neste dia a primeira coisa foi ir até uma oficina de confiaça do novo amigo pra trocar o óleo da moto e ajustar a corrente que vinha estalando.

Feita a troca eu saio pra uma volta pela cidade, sozinho, tiro umas fotinhas e vou até a casa do Roger pra pegar as luvas emprestadas. Ele ainda queria me mostrar um parque na cidade, parque da gruta dos índios. A cidade, como não podereia deixar de ser no interior do RS é uma maravilha. No fim, tiramos uma foto que entendo que seja tradicional, pois ele fez questão de me levar lá no Fritz e na Frida. Eu tinha visto estes 2 na ida, agora parava na volta. heheh
Saí de Santa Cruz e ao chegar em Venâncio Aires começa uma chuva fria que me acompanhou até São Marcos. E eu andando no sapatinho com o pneu dianteiro careca. Não lembrei de tirar uma foto do pneu, mas estava feio.

Continuei a viagem até lages na maciota. Cheguei pelas 5 da tarde e nem fui até em casa, parei direto na oficina pra trocar o pneu, pois não sei se aguentaria mais 300km. Dei muita sorte não ter furado nenhuma vez nos ultimos 2 mil km, pois já vinha bem fino.

Cheguei em casa, finalmente. Bom, na casa dos pais, mas dá na mesma. Ainda faltavam 300 km que eu faria no outro dia. Incialmente tinha decidido ficar direto até a páscoa em lages, mas ao ver aquele mundo de bagagem suja no qual eu teria que por a mão e depois montar tudo de novo pra viajar, resolvi ir logo a joinville e voltar para a páscoa já enlatado, ou seja, de carro.

Dia 23 - de Santa Rosa a Santa Cruz do Sul - 350km.

Na noite anterior entrei em contato via internet com o Roger, amigo do M@D. Na verdade não nos conhecíamos. Ele apenas vinha acompanhando a viagem e viemos mantendo algum contato durante a mesma.

O caminho pelo interior do RS é fabuloso, campos, vales, serra, rios. Tava com saudade.

O caminho foi tranquilo. Logo depois de descer a serrinha que tem antes de candelária dou de cara com o Roger na estrada com sua fantástica RT. Ficamos ali uns 10 min jogando conversa fora, e eu o segui até sua casa. Tomamos um banho, um banho de verdade na estrada. Pela primeira vez tomei um sustinho com o pneu dianteiro careca, quando a moto deu uma aquaplanada de gente grande no retorno da ultrapassagem de um Del Rey.

Fica aqui o agradecimento ao Roger e sua esposa que me receberam em sua casa como um velho amigo para um churrasco. Passamos boa parte da tarde jogando conversa fora. Falamos da viagem, de outras viagens, falamos mal dos outros, demos risada e falamos de moto, é claro. Antes do churrasco ele foi me guiar até o hotel e o cabeção aqui tinha deixado o par de luvas aplinestar sobre o alforge. Nem me dei conta, só percebi quando, ao chegar no hotel, vejo apenas uma luva no chão. Tentei fazer o caminho de volta, não achei; liguei pro Roger ver se não estava na casa dele, ele depois me avisa que refez o caminho e também não achou. Enfim, fiquei com apenas uma mão de luva. No fim das contas ganhei do Roger o seu próprio par de luvas pra continuar a viagem. Elas estão aqui em casa, lavadas, sequinhas e são um ótimo motivo pra comer outro churrasco no RS....hehehe

Durante o churrasco vimos as fotos da viagem, viajamos um pouco mais juntos. Foi legal, eu me senti em casa. No fim, volto pro hotel e durmo que nem criança.

Acabou que nem tirei foto neste dia. Tiraram algumas do churrasco com outras máquinas que não a minha. Assim que eu recebêlas, posto aqui.

Dia 22 - de Corrientes (arg) a Santa Rosa (brasil) - aprox 500km

Depois de muitos protestos por falta de posts consegui sentar na frente do pc e agora estou decidido a colocar tudo em dia. O fato é que chegando em casa a quantidade de tarefas atrasadas, somadas ao fato de ter que desfazer as malas e dar uma guaribada de primeira na moto (que já voltou de viagem vendida!) me tomaram muito tempo. Coloquem aí também o fato de eu estar de saco cheio de ficar postando todo dia....queria um descanso.

Pois bem, de Corrientes até Posadas, depois Oberá e por fim Alba Pose e Santa Rosa a paisagem é muito parecida com a que temos no nosso Brasil.

Acordei nem tão cedo, afinal na noite anterior eu finalmente havia conseguido comer algo que parasse no meu estômago. Estava feliz da vida. Dormi sem dor, acordei sem piriri, consegui tomar um café da manhã decente pela primeira vez em 10 dias e o trecho hoje era curto, apenas 500km, um dia perfeito. Mas estava quente já cedinho em Corrientes, uns 27 graus.

Saio do hotel umas 9 horas da manha. Tudo certinho. Me livrei finalmente dos 2 galões de gasolina que levava junto desde o início da viagem. Isso aí foi um alívio, podia até me mexer em cima da moto! Apontei o GPS pra Posadas, que seria minha primeira parada, na saída da cidade parei num posto pra abastecer, lubrificar a corrente e tomar uma coca-cola e me mando pra estrada.

Até Posadas se me recordo bem são uns 350km, pode-se dizer que os primeiros 300km vai-se em retas, mas já há algumas curvas aparecendo. O trecho todo é feito pela Ruta 12, que cai costeando a fronteira com o Paraguay e em alguns pontos passa do ladinho do Rio Paraná, é uma estrada muito bonita mesmo.

Havia algumas barreiras policiais neste trecho mas não fui parado em nenhuma. Abasteci 1 vez no meio do caminho e outra direto em posadas. Os ultimos 50km antes de Posadas (que é uma cidade relativamente grande, eu imaginava uma vila) a paisagam já muda, aparecem as primeiras subidas e descidas e algumas curvas no caminho. O solo ganha uma cor vermelha. Em Posadas tudo é meio avermelhado por conta disso, parece que estamos no interior do Paraná.

Depois de posadas comecei a ver nuvens pretas dos 2 lados da estrada, e eu por sorte estava passando entre elas, até que saio da Ruta 12 em direção a Oberá, aí a estrada aponta pro meio de uma destas chuvas. No momento olhei o termômetro e estava marcando 41,7 graus. Eu apenas parei pra por a capa sobre a mala de tanque e toquei o barco. Passei no meio de um toró de uns 10km. Estava tão quente, e eu estava tão farto de deserto que adorei o banho. Sei que quando cheguei em Oberá uns 40 km depois já estava seco de novo, tamnho o calor.

De Oberá a Alba Pose é um pulo, e quando começa a descer para perto do rio já se vê o Brasil lá do outro lado. Não imaginei que a cena fosse me alegrar tanto. Passei na aduana argentina e fiquei lá na barranca do rio. Tinha um camarada lá com uma saveiro sem bateria esperando chegar a balsa e ficamos de papo. Na hora de embarcar me dou conta que não tinha ticket, lá vai eu correr num senho calor, de roupa de cordura, barranco acima para comprar o tal "ingresso pro brasil", não tinha pesos suficientes, negociem em real com o cara, ficou por 10 pila, a verdade é que eu pagaria mil pela viagem.

Quando cheguei a balsa estava fechada e os caras partindo, dei uns berros lá e o cara abriu o portão pra mim e eu rampei com a falcon pra dentro da balsa. Já tinha mais brasileiro que argentino. Tava bom.

A balsa chegou, finalmente piso em solo brasileiro, ajudei o mano lá a empurrar a saveiro barranca acima e vou me ajeitar pra passar pela PF. Quando chego na guarita vou tirando as coisas e o cara só me pergunta - "É brasileiro?" - respondo sim e o cara me diz - "pode entrar, nem precisa documento!". Minha vontade foi dar um abraço no velinho que cuidava da porteira. O fato é que apesar de ter curtido muito a viagem eu não via mais a hora de voltar pra casa, e este era o primeiro passo dentro de casa. Estava finalmente no meu Rio Grande do Sul. A cidade de entrada é Porto Mauá, dali até Santa Rosa são mais 40km. Em Porto Mauá eu troquei o resto dos pesos que tinha, uns 10, comprei uma coca, um chocolate, fiquei uns 15 min conversando com a tia da venda que queria saber da aventura e toquei o barco pra Santa Rosa.

Logo no começo da estrada paro para cobrir a mala de tanque porque vi que vinha mais chuva, outro toró. Tudo bem. Nesse momento passaram por mim umas 6 motos grandes num ferro desgraçado, e nem me cumprimentaram. Quando começou a chuva forte passei por todos no meu 100zinho de sempre, debaixo d´água eles vinham a 60tinha. Fiz questão de dar uma buzinhadinha pra cada um...hehehe A verdade é que eu tava arriscando, pois meu pneu dianteiro já estava liso a 1000km atrás, eu vinha trazendo a moto no sapatinho.

Chegando em Santa Rosa, cidade da Xuxa, achei um hotel, tomei um banho pra tirar a lama vermelha e saí pra caminhar. Essas cidades do interior gaúcho são mesmo muito agradáveis, e vão ter mulher bonita assim lá em SC. Não dá vontade de voltar pro hotel.

Pela primeira vez em dias consigo tomar uma cerveja novamente. Skol, desceu redonda.