sexta-feira, 26 de março de 2010

dia 20 - San pedro de Atacama a Jujuy - 830 km

830km??? como Jeferson, pois são uns 500 só?

Bom, acordei na tranquilidade, comi alguma coisa leve pra não dar rebordosa...heheh e saí do hotel lá pelas 8 e meia. Achei o único posto de SPA e abasteci. Depois passei pelo centrinho de moto, passei na frente do meu hotel e saí pelo mesmo lugar que entrei, que era o caminho que eu conhecia, só que como dei direto de cara com a placa escrito Passo Jama 160km toquei o barco. Jamais imaginava uma alfândega dentro da cidade a 160km da fronteira. Na real, acho que até já tinha lido, mas na hora não me toquei e passei batido.

Peguei a estrada e toquei o terror no subidão que tem logo depois que sai da cidade, é muito legal, em 40km a gente sai dos 2400 metros e passa longe dos 4000. Neste dia registrei a maior altitude de toda viagem, 4831m, e também o maior frio, 1 grau. A paisagem do altiplano aqui é diferente da do altiplano peruano, é muito, mas muito mais seco. Nesta mesma altitude no peru há várias montanhas nevadas, e eu mesmo peguei neve a 4800m, no chile é seco, mesmo o Licancabur acima dos 5200m estava sem neve alguma, limpinho.
As cores são incríveis
E em alguns lugares não dá nem pra dizer que é terra.

Cheguei em Jama, até que fui atendido rápido, fiquei até impressionado. Mas na hora que a mulher pegou meu passaporte e viu os papéis do chile ainda comigo me disse que eu teria que voltar, pois a alfandega chilena era na cidade. Não acreditei. Puta merda. Tentei argumentar, que poderia dar saída em algum consulado no brasil e tal, mas não adiantou. O chefe do destacamento disse que não daria entrada pq no dia que os chilenos vissem que tinha uma entrada em aberto pela data de validade vencida no sistema viriam cobrar pra saber se eu teria saído por ali, e se tivesse encheriam o saco dele. Simples assim. E lá vou eu, voltar 160km no frio e pelas montanhas, onde minha moto não rende nada. Se me serve de consolo, pelo menos a viagem é linda demais. Mas ao chegar de volta depois de 320km e quase quatro horas perdidas já estava puto da vida, comigo mesmo. Afinal a cagada tinha sido minha.

Mas é incrível como um único erro gera uma sequência de cagadas posteriores que não têm explicação. Cheguei de volta em Jama e a alfandega, imigração e gendarmeria estavam FECHADOS. Isso mesmo. Bati na porta e me vem um milico muito do mal educado (o mesmo que havia educadamente me atendido 4 horas atrás) e me diz que estão sem sistema e que era pra eu sentar lá na rua e ficar esperando voltar. Puta merda, só eu estava lá. Ninguém mais. tentei de novo, disse que o papel da gendarmeria estava feito e só precisava do carimbo da imigração e da aduanda, não teve jeito, me mandou pra fora de novo e disse pra esperar. Filho da puta.

Dá um tempinho e chega um caminhão, o cara entra, em 5 min sai, pega o caminhão e vai embora. Eu entro de novo e pergunto se já voltou, pois o cara tinha passado. Simplesmente fui mandado pra rua de novo. Filho da puta².

Dá mais uns minutos e chega uma van com uma família chilena, entram todos e começam a fazer o tramite. Aí eu já tava pra lá de puto e entrei de novo. Nem perguntei do sistema. Perguntei se o sistema estava fora só pra mim. Pois estavam todos passando. Disse que não podia ficar esperando e já era pra estar em Salta naquela hora. O FPD do soldadinho que apanha da mulher (só isso explica tamanha filha da putisse) pega meu papel que já estava pronto a 4 horas, dá um carimbo e me entrega, me mandando entrar na imigração. Quando entro na imigração, estão os chilenos e todos, eu disse todos, os funcionários da alfândega assistindo river plate x boca. Não dá pra imaginar o grau de indignação que eu fiquei na hora. Mas não falei nada e ainda perguntei quanto estava, afinal, com este povo é melhor ser amigo. Em 3 min estava resolvido um assunto que o filho da puta do soldado que apanha da mulher me deixou 1 hora na rua esperando. Já tinha perdido 5 horas. Aí já eram quase 4 da tarde. Peguei minhas coisas e saí cavocando daquela merda. Abasteci ali do lado e toquei pau. Nem lembrei de tirar foto do paso jama.

Nessa altura do campeonato eu já sabia que não daria pra chegar até salta, quem sabe até jujuy, mas o mais certo seria dormir em Susques e replanejar as pernas da viagem. Blz, vou tocando meu barco na velocidade que dá, esperando chegar em susques, pegar um quarto num daqueles hotéis na beira da estrada e partir no outro dia. chego em susques, paro no primeiro, não há vagas, paro no segundo, não há vagas, entro na "cidade" e nas duas pensões que há, não há vagas. Puta merda, pensei. Vou abastecer e tocar até Jujuy, estava decidido. Não importava se chegaria a noite. Em susques só há um posto dentro da cidade. Não havia gasolina. Voltei pra estrada e fui no posto que fica junto com o primeiro hotel que passei, nem vou pedir pra adivinhar, não havia gasolina. Não sei no mapa de vocês, mas do meu mapa susques está riscada. Na próxima vez que passar por lá fecho os olhos pra nem ver.

Estava com meus 2 galões cheios, 7 litros no total, toquei tudo no tanque e rezei pra dar. Faltavam 200km pra jujuy, a moto tinha uns 6 e pouco no tanque, 13 no total, era pra dar. O pepino é que a moto estava fazendo uns 12 por litro naquela altitude. Eu sabia que jujuy era bem mais baixo, mas não sabia quando começaria a baixar.

Fui até o salar, passei por alguns lugares de primeira
Fiz as fotos no salar e já me mandei.
E não é que começa uma subida de novo?? Lá vamos nós de novo pros 4000m. E a moto bebendo como o Lula. Na subida já inicia uma senhora neblina, o lugar era bonito, dava pra imaginar pelo pouco que via, mas o que acontecia mesmo era que eu estava me molhando e cada vez com mais frio. Enquanto estava só subindo a neblina era forte mas como tinha muito vento ela abria um pouco, assim que passou pro outro lado da montanha, em 5 segundos o dia virou noite. O tempo fechou de vez e não vi mais nada. Neblina fechadassa. Não lembro quanto faltava pra Purmamarca, mas eu estava andando a 20km/h, chegaria lá a meia noite neste ritmo. Depois de uns 5 a 10km de descida a neblina ficou pra trás, o tempo ainda estava fechado, mas a temperatura já era tolerável de novo e pelo menos dava pra ver algo. Quando passei pela tal montanha das 7 cores era tudo cinza. Em purmamarca quando cheguei já era escuro, em jujuy, noite.

Pra não dizer que eu to mentindo, essa foto tradicional saiu assim. A 100m pra tras eu estava no meio da neblina.
Jujuy, como qualquer cidade média argentina é super agitada a noite. O calçadão vai cheio até tarde. Consegui comer uns 2 pedaços de carne. Mas quando cheguei no hotel de volta eles já estavam processados. hehehe

Este foi um dia do cão. Espero que amanha as coisas pelo menos sigam o curso normal.

não tinha postado, mas ainda em cusco dei um jeito no retrovisor - ficou bom.

Um comentário:

  1. HAHAHAH, Que gambiarra é essa que vc aprontou aí? Brasileiro precisa ser criativo, europeu tem uma oficina mecânica perto. Beijos. Se cuida hein, não vai chegar com perebas! Carolina.

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